Tratamento com auriculoterapia movimenta postos de saúde aldeenses

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Todas as sextas-feiras a movimentação no posto de saúde II do bairro São João, em São Pedro da Aldeia, é grande. Em média, cerca de 20 usuários procuram a unidade para participar das sessões de tratamento com auriculoterapia. O trabalho faz parte das ações promovidas pela equipe multidisciplinar do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), da Secretaria de Saúde. A técnica milenar chinesa, associada ao tratamento médico convencional, é capaz de aliviar dores no corpo, na coluna e enxaquecas. Caracterizada como uma terapia complementar, a iniciativa tem como objetivo oferecer maior qualidade de vida para a população, de forma integral, contínua e humanizada, com foco na prevenção de doenças, promoção, manutenção e recuperação da saúde. As atividades terapêuticas são destinadas aos usuários cadastrados na unidade, a partir de encaminhamento profissional. Além do São João II, a auriculoterapia também é oferecida nas Unidades de Saúde da Família dos bairros Ponta do Ambrósio, Vinhateiro e Baixo Grande.

De acordo com o fisioterapeuta do Nasf, Jadson Madeira, responsável pelos atendimentos na unidade de saúde do São João II, a proposta do trabalho é desenvolver o cuidado preventivo, sob uma perspectiva de saúde global do usuário. “Essas terapias fazem parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde para garantir a integralidade do cuidado. São práticas que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de doenças e da recuperação da saúde, dentro de um entendimento mais amplo do processo saúde-doença. A auriculoterapia é uma técnica que busca o tratamento na origem dos problemas, com foco na parte mental, porque não adianta tratar somente a parte muscular, física. A nossa missão é fazer com que o paciente entenda a causa dessas emoções e sentimentos e a partir daí possa trabalhar em busca da cura propriamente dita”, destacou o profissional, que também é pós-graduado em ortopedia e acupuntura.

Além da auriculoterapia, os métodos terapêuticos aplicados pelo fisioterapeuta na unidade de saúde do São João II também abrangem os florais de Bach, baseado no uso de essências florais, e a quiropraxia, utilizada no tratamento de problemas articulares e disfunções da coluna. As sessões acontecem todas as sextas-feiras, a partir das 9h. O trabalho também é realizado nos postos de saúde dos bairros Ponta do Ambrósio, todas as quartas-feiras, às 7h30, Vinhateiro, todas as quartas-feiras, às 9h, e Baixo Grande, às sextas-feiras, às 9h. Semanalmente, cerca de 80 pacientes são atendidos com as terapias integrativas.

Técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa, a auriculoterapia caracteriza-se como uma vertente da acupuntura e foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma terapia de microssistema. O método consiste na estimulação mecânica de pontos de reflexos específicos da orelha, a partir do uso de sementes como a de mostarda e colza, presas à pele com pequenos pedaços de esparadrapo. A técnica é usada para complementar o tratamento e diagnóstico de dores em qualquer região do corpo e de doenças funcionais, neurais ou psicológicas. Os casos mais comuns são dores de cabeça e lombalgias.

A dona de casa Irinete Correia é usuária do posto e participa assiduamente das sessões de auriculoterapia. “Esta já é a sexta vez que venho. Melhorou muito a minha saúde, me sinto muito melhor para dormir, caminhar e fazer as minhas atividades no dia a dia. Eu tinha uma dor no braço e depois que eu comecei a fazer essa terapia melhorou bastante. Estou muito satisfeita, é um ótimo trabalho e uma grande vantagem para nós, porque é um tratamento que pode evitar muitas doenças que poderiam surgir futuramente”, destacou a moradora.

As práticas integrativas e complementares fazem parte das áreas estratégicas de atuação do Nasf, voltadas ao apoio, ampliação e aperfeiçoamento da gestão da saúde no âmbito da Atenção Básica. Em São Pedro da Aldeia, o Núcleo conta com uma equipe composta por dois fisioterapeutas, duas psicólogas, duas nutricionistas, duas assistentes sociais e um psiquiatra, responsáveis por fornecer assistência às equipes de Saúde da Família. Atuando de forma integrada com as equipes de Saúde da Família (eSF), o grupo realiza triagem, acolhimento e orientação aos usuários, com ações educativas, palestras e visitas domiciliares sempre que necessário.

Professora aposentada, Deny Caetano diz que a terapia auricular trouxe benefícios para a saúde dela e do marido, Paulo Amorim. “Depois que comecei a fazer esse procedimento, eu comecei a dormir melhor e senti um alívio gradativo nas dores que eu sentia na perna e na coluna. O meu marido já era usuário e me incentivou a participar. Ele estava doente, com crises na coluna, e hoje voltou a caminhar e está fazendo suas atividades. A auriculoterapia é uma técnica simples, mas que trata de pontos cruciais da nossa vida, o lado emocional, a ansiedade, o estresse, a tensão, e a gente sente os reflexos na parte física. A prevenção é fundamental e se você tem uma mente saudável, o teu corpo também vai corresponder. Nós estamos muito felizes com esse tratamento”, afirmou.

O trabalho com as terapias é baseado em um modelo de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, de acordo com uma visão para além do biológico, da medicalização e da reabilitação do paciente. Os atendimentos são realizados no âmbito individual e na forma de grupos, com ênfase na escuta acolhedora e no desenvolvimento do vínculo terapêutico, conforme as demandas da população e a partir dos diagnósticos de vida e saúde da comunidade adscrita.

De acordo com Jadson, o objetivo é manter 80% dos casos dentro do índice de resolutividade, evitando encaminhamentos do usuário para os centros de referência. “A ideia é empoderar o paciente, estimular o seu protagonismo e não centralizar o processo no profissional, mas sim trazer o indivíduo para participar do seu tratamento, mostrando que a cura depende dele. Nós somos um mecanismo de start para isso e é isso que eu vejo de mais importante nesse trabalho”, finalizou.

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