Decisões judiciais em 30 processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro bloquearam R$ 5,1 milhões das contas ou bens de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins” de sua esposa, seu sócio e da empresa, a GAS consultoria.
A prisão de Glaidson, em agosto do ano passado, provocou uma corrida de seus clientes à Justiça para cancelar contratos e pedir a devolução dos investimentos. Ele nega as acusações.
A informação é fruto de levantamento do jornal Extra. Até a última sexta-feira (14), ao menos 319 investidores de Glaidson já haviam entrado na Justiça estadual do Rio contra o “faraó”.
O jornal O Globo analisou outros cem processos. Investidores conseguiram decisões judiciais que bloquearam bens ou reservaram a quantia do contrato com a empresa em 30 ações. Em 11 delas, a Justiça foi contra os pedidos, enquanto falta decisão para 59 casos.
Dos pouco mais de R$ 5 milhões bloqueados, 22,5% são referentes a apenas um processo. Um advogado de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, afirma ter investido R$ 1,15 milhão entre janeiro e maio de 2021 e quer receber o dinheiro de volta. A Justiça já determinou que o valor seja reservado no processo criminal da 3ª Vara Federal Criminal.
O homem alega que o contrato deve ser cancelado porque as investigações da Polícia Federal teriam revelado que Glaidson não investia o dinheiro dos clientes, pagando os supostos lucros com as quantias aplicadas por novos investidores, prática conhecida como pirâmide financeira. Glaidson acabou preso e responde por crimes como organização criminosa.
“O que parecia ser um negócio jurídico vantajoso se transformou em um verdadeiro pesadelo”, escreveu o homem no processo, no qual advoga em causa própria.
Outros 27,5% dos R$ 5 milhões bloqueados se concentram em outros dois processos. Num deles, pede-se a devolução de R$ 700 mil; no outro, o reembolso exigido é de R$ 705 mil.
Os bloqueios decididos pela Justiça não são definitivos. Apenas no fim do processo os juízes decidirão se há motivos para que os contratos sejam cancelados e os investidores ressarcidos.
Na ação criminal, foram apreendidos R$ 15 milhões em espécie, 21 carros de luxo e investimentos em criptomoedas que valiam R$ 150 milhões, cifra que pode ser revertida às vítimas de Glaidson.
“A natureza jurídica desse sequestro de bens e valores é justamente essa, ressarcir as vítimas que perderam dinheiro investindo com a GAS”, afirma o advogado Carlos Daniel Dias André, que defende ex-clientes de Glaidson.
O advogado também pede que seus clientes sejam pagos com os R$ 72,3 milhões que a Igreja Universal do Reino de Deus alegou ter recebido em doações de Glaidson e da GAS.