Bernardo Ariston
As recentes prisões de militares e a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro representam um marco crucial na defesa do Estado Democrático de Direito no Brasil. Esses desdobramentos trazem à tona não apenas a gravidade dos ataques às instituições, mas também a necessidade de respostas firmes contra aqueles que escolhem a ruptura democrática como estratégia.
No centro da crise está a tentativa de reverter à força os resultados das eleições de 2022, por meio da disseminação de mentiras, mobilização de grupos extremistas e tentativas de manipular as Forças Armadas. A operação “Lesa Pátria”, coordenada pela Polícia Federal e monitorada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investiga diversos núcleos golpistas. Entre eles, destacam-se militares de alta patente que, ao invés de cumprir sua função constitucional, optaram por atacar o sistema que juraram proteger
As acusações de crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, são respaldadas por provas contundentes. Documentos e mensagens interceptados indicam um planejamento orquestrado para desestabilizar o governo democraticamente eleito. O envolvimento de líderes militares demonstra o quão longe alguns agentes públicos estiveram dispostos a ir para promover interesses particulares em detrimento da Constituição
Bolsonaro emerge como uma figura central no incentivo à desordem. Embora négue envolvimento, sua retórica de ataque às instituições e desconfiança infundada no processo eleitoral alimentou a indignação de seus apoiadores mais radicais. Um exemplo claro é o vídeo publicado por ele questionando a lisura das eleições, dois dias após a invasão aos Três Poderes. Mesmo depois de apagar a publicação, o impacto de suas palavras já havia reforçado o discurso golpista.
Adicionalmente, planos encontrados no círculo próximo de Bolsonaro, como a minuta de um decreto de estado de defesa na casa de Anderson Torres, sugerem que havia articulação direta para subverter o resultado das urnas. A apatia do ex-presidente frente a propostas de espionagem ilegal, como revelou o senador Marcos do Val, também levanta dúvidas sobre sua postura passiva diante da tentativa de ruptura
Os ataques ao Estado Democrático de Direito não são apenas ilegais; são um golpe direto na essência da cidadania. Governos são escolhidos nas urnas, e qualquer tentativa de impor uma minoria à vontade da maioria representa uma afronta à liberdade. Quem se coloca contra a democracia não está apenas violando a lei, mas agindo contra o interesse de toda a sociedade brasileira.
Os militares e civis que, de forma deliberada, escolheram a via do golpe traíram seu papel institucional e moral. Mais do que uma questão de justiça, responsabilizá-los é uma questão de princípio: sem punição, o precedente para novas ameaças permanecerá aberto.
A crise expõe não só a fragilidade das instituições diante de grupos extremistas, mas também a força da democracia em resistir. O STF e as autoridades envolvidas nas investigações têm o dever de proteger o país de novos retrocessos. Afinal, a democracia não é negociável, e aqueles que optaram pela ruptura devem enfrentar as consequências de suas escolhas.
As ações de Bolsonaro e seus aliados representam mais que um crime: são uma traição ao povo brasileiro e à Constituição. Sua tentativa de perpetuar-se no poder, baseada em mentiras e conspirações, o coloca como símbolo de uma ameaça à democracia brasileira em tempos recentes.
A resposta do Brasil deve ser contundente. A traição de militares golpistas exige punições exemplares, que sirvam para restaurar a confiança na democracia e no papel das Forças Armadas. Anistias ou omissões não podem ser toleradas. O país exige que todos os envolvidos enfrentem a Justiça, assegurando que os valores democráticos prevaleçam.
O futuro do Brasil depende da integridade de suas instituições e da recusa categórica a qualquer tentativa de retorno ao autoritarismo. O povo brasileiro não perdoará traidores. A democracia precisa prevalecer, e os golpistas devem ser lembrados como o que foram: inimigos do Estado de Direito.