Búzios ganhou fama internacional quando Brigitte Bardot passou férias na então vila de pescadores, que à época era um distrito de Cabo Frio.
Apresentado ao mundo pela ex-atriz e ativista, o “paraíso secreto de BB” se consolidou como destino turístico sofisticado. E, quase 60 anos depois da primeira visita da musa francesa, a cidade vive hoje um outro momento de muita agitação. Desta vez, em meio a um frenético quebra-quebra em vias do chamado centro histórico, uma batalha está sendo travada por conta da substituição de tradicionais paralelepípedos por piso intertravado (de concreto) e da colocação de ruas no mesmo nível de calçadas.
De um lado do ringue, o Fórum das Entidades Civis de Búzios (Fecab) anuncia que prepara uma ação judicial para interromper as obras, até que seja apresentado um projeto executivo. De outro, o prefeito Alexandre Martins (Republicanos) corre contra o tempo para concluir o serviço até novembro, a fim de transformar sete das nove ruas com intervenções num grande calçadão de pedestres, já no próximo verão. A intenção, segundo ele, é que o fluxo de carros aconteça pela Rua Manoel de José de Carvalho e pela Travessa dos Pescadores.
“Se der certo no verão, a ideia é ter um calçadão de forma contínua. O miolo será só para pedestre e para carros de moradores e comerciantes, como já aconteceu em 2005, 2006”, afirma o prefeito.
‘Parece pátio de presídio’
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Armação de Búzios (SindSol) — uma das 15 entidades que compõem o Fecab —, Thomas Weber mostra seu descontentamento:
“Está parecendo mais pátio de presídio do que ruas de uma cidade turística”, disse.
Prevista na reforma, a conexão de 150 imóveis à rede de esgoto, acabando com ligações na tubulação pluvial, é bem-vinda, afirma Weber. Mas ele não encontra explicação para a substituição do piso:
“Estão tirando paralelepípedo para colocar intertravado, que é menos durável, gastando um dinheiro desnecessário. Durante uma reunião com o prefeito, ele disse que iria plantar 400 ipês, colocar fradinhos, fazer canteiro, pôr lixeiras, bancos e poste de iluminação. Eu perguntei: “Mas já não teria de ter deixado o local onde vão plantar as árvores, fazer os canteiros, colocar os postes, ter a fiação dos postes enterrada. Ele disse: “Não, depois a gente abre e faz”. Então não tem projeto”.
No contra-ataque, o prefeito classifica o intertravado como ecologicamente mais correto e afirma que a reforma que está sendo feita nas redes pluvial e de esgoto permitirá o escoamento adequado da água das chuvas.
“Quero que a cidade, de fato, tenha acessibilidade. Por isso, estamos criando um grande calçadão. As calçadas estavam desniveladas”, acrescenta Alexandre Martins, que diz querer criar um piso padrão nas ruas:”Hoje é uma mistura só”.
‘Mudança de piso não muda o passado’
O prefeito cita ainda pesquisa em que teriam sido ouvidos cerca de três mil moradores de Búzios. Segundo ele, 90% deles são favoráveis a reforma. No caso daqueles que vivem no centro histórico, segundo ele, “não há descontentes entre os que responderam ao questionário”.
*Com informações: Extra